Qualquer forma de discriminação e preconceito tem sua origem em atos brutais de violência, cujos vestígios marcaram profundamente nossa cidade. Por isso, é crucial promover a construção de uma cidade e arquitetura mais justa e inclusiva. O concurso público de arquitetura representa a forma mais democrática de escolher projetos e, além disso, promover a conscientização sobre a necessidade de uma sociedade mais igualitária.
Este concurso inicia um diálogo fundamentado em ações afirmativas, alinhado ao Estatuto da Igualdade Racial, fortalecendo o princípio da igualdade em nossa sociedade. Ao incluir profissionais negros e possibilitar o acesso às estruturas de reflexão sobre a propriedade histórica de seus espaços, estamos devolvendo ao povo negro a memória que lhe foi negada. Podemos afirmar que o foco principal deste concurso é o direito à memória, que deve ser contada e projetada por aqueles que a vivenciam diretamente.
Marcela Abla
Presidente do Departamento do Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ)